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“Elas Queriam Outra Coisa” e “Dona Liberdade” a 16 de março nas comemorações de Abril em Coruche

O programa das comemorações do cinquentenário do 25 de Abril em Coruche, que arrancou a 8 de março com a inauguração da exposição temporária “Mulheres e Resistência – ‘Novas Cartas Portuguesas’ e outras lutas”, prossegue já a 16 de março, pelas 16h30, também na Galeria do Mercado Municipal, com “Elas Queriam Outra Coisa”, uma conversa que parte da temática da exposição com os investigadores Vanessa Almeida e Paulo Lima. Segue-se, às 17h30, o concerto intimista “Dona Liberdade”, por Ana Castelo, Luís Calado e Jorge Alves, que interpretam canções e poemas com o nome de mulheres, originalmente cantados por vultos como Zeca Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto. A Liberdade está a passar por Coruche.

A Galeria do Mercado Municipal de Coruche, que recebe até 31 de março a exposição temporária “Mulheres e Resistência – ‘Novas Cartas Portuguesas’ e outras lutas”, cedida pelo Museu do Aljube e integrada nas celebrações do Dia da Mulher (8 de março) e dos 50 anos do 25 de Abril, dá agora lugar a um momento de reflexão sobre o papel das mulheres ao longo dos 48 anos de resistência ao fascismo, bem como sobre a sua importância na conquista da Liberdade no País. Citando no título Maria Velho da Costa, “Elas Queriam Outra Coisa” é uma conversa que parte da temática da exposição com os investigadores Vanessa Almeida e Paulo Lima, tendo a mulher como tema central, numa viagem ao Portugal do Estado Novo, à clandestinidade, à resistência, mas também à Reforma Agrária e às transformações sociais que se sucederam ao 25 de Abril.

“Elas Queriam Outra Coisa” conta com os contributos de Vanessa Almeida, formada em História e Antropologia, investigadora do Instituto de História Contemporânea (FCSH/UNL) e autora de “Mulheres da Clandestinidade” (Parsifal, 2017), e de Paulo Lima, antropólogo que tem liderado diversos processos que levaram à inscrição de manifestações culturais portuguesas nas listas representativas da UNESCO, como o cante ou o fabrico de chocalhos. Desde sempre interessado pelas resistências camponesas, Paulo Lima investiga sobre a Reforma Agrária e sobre o papel da mulher do campo nos movimentos sociais.

Tendo a temática da exposição como pano de fundo, os investigadores propõem-se também recordar e problematizar o contributo de mulheres que, com origens e percursos distintos, inventaram e concretizaram batalhas pelos seus direitos, pela justiça social e pela Liberdade, dos anos 30 do século passado ao 25 de Abril de 1974. A repressão, o valor da solidariedade e a importância do processo literário e político que, em 1972, envolveu as Três Marias - Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, autoras da obra “Novas Cartas Portuguesas” – serão também temas na tangente da reflexão proposta.

Após o debate, às 17h30 acontece o concerto “Dona Liberdade”, por Ana Castelo (voz), Luís Calado (teclados) e Jorge Alves (bateria/percussão), que interpretam canções e poemas com o nome de mulheres, originalmente cantados por vultos como Zeca Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto. Cantam-se as Mariazinhas e as Etelvinas, as Ritas sempre em guarda, as Rosalindas, as Teresas e as Mulheres da Erva, que tecem redondos vocábulos, à espera que o amor não engane, como uma canção de embalar - uma viagem ao universo feminino antes e depois da Revolução dos Cravos.

O programa oficial das comemorações será apresentado brevemente, prevendo numerosas iniciativas e eventos que visam mobilizar, inspirar e envolver a comunidade, para que as comemorações não se cinjam à revisitação do 25 de Abril, mas reflitam sobre as conquistas de ontem, hoje e amanhã.

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