Em junho de 2023, ao longo de mais uma campanha arqueológica do projeto de investigação arqueológica Ansor (Antropização do Vale do Sorraia entre o 6.º e o 2.º milénio a.n.e.), uma equipa de 12 estudantes de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, liderada pelos Professores Victor S. Gonçalves e Ana Catarina Sousa (Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras), encontrou no sítio pré-histórico do Barranco do Farinheiro uma área habitacional que remonta à Idade do Bronze antiga (transição 3.º/2.º milénio a.n.e.).
O processo de descoberta, acompanhado e registado em vídeo produzido pelo gabinete de comunicação da Câmara Municipal de Coruche, é agora divulgado por ocasião das Jornadas Europeias do Património 2023, que, subordinadas ao tema “Património Vivo”, acontecem de 22 a 24 de setembro. Mais do que divulgar a revelação da maior concentração de cerâmica campaniforme e de estilos decorativos variados na margem esquerda do Baixo Tejo, valorizamos um património que é, de facto, vivo, transmitido de geração em geração e recriado por comunidades que resistem à voragem das paisagens e dos lugares que habitam.
A campanha arqueológica do projeto Ansor inicia agora uma fase de tratamento e estudo da informação recolhida no Barranco do Farinheiro. Permitir-nos-á conhecer melhor as sociedades camponesas que viveram junto às margens do Sorraia há cerca de cinco mil anos – um património de Coruche, de Portugal e do mundo que mantemos vivo, celebramos e protegemos. A descoberta desta herança comum reforça sentimentos de pertença e identidade cultural, mas também a memória coletiva de um povo que se reapropria dos vestígios de um passado que alicerça lugares presentes, lugares de futuro.