O azulejo é considerado, por excelência, o elemento patrimonial identitário português, com múltiplos domínios históricos e artísticos. Coruche não passou ao lado dessa representatividade decorativa, com uma abrangência temporal e histórica desde as primeiras aplicações hispano-árabes (de importação) até à produção contemporânea, que marcam os revestimentos de fachadas e interiores de alguns dos edifícios do Concelho.

Por diversas razões, os problemas de destruição do património azulejar que tem originado o seu desaparecimento, como o abandono dos edifícios, o furto, a comercialização ilícita, o vandalismo ou a incúria, estão diariamente muito presentes e visíveis ao olhar de todos nós, causando a descaracterização dos conjuntos arquitetónicos dos centros urbanos.

Desde a entrada em vigor da Lei 79/2017, de 18 agosto, existem meios legais para travar a celeridade da deterioração e destruição desta importante riqueza e garantir a sua proteção.
Desta forma, considerando que o poder da decisão futura de salvaguarda do património azulejar está na alçada das autarquias e que uma das missões de estratégia de desenvolvimento do Município é proteger o património do Concelho, torna-se importante que este disponha de ferramentas úteis para deliberações mais rigorosas e assertivas sobre a avaliação e o valor desta arte decorativa, facilitando o cumprimento da Lei.

Neste âmbito, o Município, como estratégia de avaliação, atuação e medida efetiva de salvaguarda, contratou a investigadora Doutora Cláudia Emanuel que, durante um ano, vai percorrer todo o território do Concelho com o objetivo de identificar, localizar, registar e elaborar fichas de inventário de todos os padrões azulejares visíveis nos diversos elementos arquitetónicos do edificado, nas fachadas das habitações, igrejas, muros, fontanários, entre outros.

A eficácia deste trabalho de investigação e inventariação na salvaguarda e valorização do património azulejar do Concelho só será atingido com a colaboração e envolvimento dos vários intervenientes, como sejam os responsáveis autárquicos, os proprietários e população em geral.
Solicitamos, assim, a melhor compreensão de todos os munícipes aquando da abordagem da Doutora Cláudia Emanuel no desenvolvimento do seu trabalho no terreno.

O Presidente da Câmara
(Francisco Silvestre de Oliveira)
Coruche, 18 de maio de 2022