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Museu e Câmara de Coruche publicam estudo histórico sobre marcos da Lamarosa

“Os marcos da Lamarosa: memória de um antigo concelho” é o título da próxima obra editada pela Câmara Municipal e pelo Museu Municipal de Coruche. O lançamento do livro, integrado na coleção do Museu “Trajetos na História”, está agendado para 18 de fevereiro, às 15h30, na Casa da Cultura da Lamarosa, e contará com as presenças de Francisco Silvestre de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Coruche; Hélder Silva, presidente da Junta de Freguesia de São José da Lamarosa, e Gonçalo Lopes, autor. O livro apresenta um estudo dos marcos de delimitação geográfica da Lamarosa, resgatando parte importante da memória destas terras e das suas gentes.

“Os marcos da Lamarosa: memória de um antigo concelho” reflete aspetos e factos históricos centrais da localidade, mas muito particularmente do seu património edificado, assumido na forma de elementos de natureza física, geográfica e até antrópica na delimitação de propriedades - padrões esculpidos em pedra lioz, fincados verticalmente no solo há quase 400 anos pela necessidade de afirmação simbólica de poder, associada à possessão territorial e aos consequentes direitos emanados.

A obra revela-se preponderante para o conhecimento da História da freguesia de São José da Lamarosa, mas também para o entendimento do esboço da realidade territorial da região. De facto, e graças a estudos históricos complementares, a Lamarosa pode considerar-se bem documentada, tendo para isso contribuído os marcos da Lamarosa, um dos maiores conjuntos de marcos antigos de delimitação territorial do País, implantados na sua maioria nos entroncamentos das vias ou onde estas cruzam linhas de água.

Mostra-nos o importante estudo de Gonçalo Lopes que os marcos da Lamarosa sobreviveram para nos contar também a História das suas gentes, em particular de Brás Teles de Meneses e da sua descendência, uma vez que, já antes de 1627, os marcos delimitavam a sua propriedade. Ficamos ainda a conhecer, com cativantes detalhes biográficos, a história intrincada de heranças, sucessões, relações familiares e legalistas, direitos senhoriais e até espionagem - uma história iniciada em 1632 com a petição enviada por Brás Teles de Meneses ao então rei Filipe III, que concedeu uma carta que elevava o lugar da Lamarosa a vila e a respetiva jurisdição a Brás Teles de Meneses em 1633, enquanto conde da localidade.

A história dos senhores da Lamarosa e do respetivo morgado cessa após 1832, em virtude da Reforma Administrativa de Mouzinho da Silveira, mas não cessa a interpretação da realidade histórica e arqueológica legada pela continuidade dos marcos, que preservam grande significação e carga simbólica na região até aos nossos dias. Importa, portanto, acentuar a relevância desta e de futuras tentativas de entendimento esboçadas a respeito da temática, que se revela central quando se procura traçar a realidade territorial concelhia em matéria de administração civil e religiosa, designadamente no curso do período medieval até à contemporaneidade.

As fronteiras demarcadas pelos marcos da Lamarosa desvelam-nos realidades passadas que nos mostram o que somos hoje. Se, por um lado, as linhas imaginárias separam e impõem barreiras em espaços nem sempre geograficamente diferenciados, por outro lado representam portas de entrada e de contacto onde, apesar das contendas de fronteira, sempre coexistiram encontros e oportunidades.

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