A Feira do Livro de Coruche cumpre em 2024 a sua 40.ª edição, consolidando-se como evento literário e cultural de referência na região. Entre os dias 1 e 10 de novembro, o público é convidado a mergulhar num diversificado programa que inclui lançamentos de livros, debates, animação infantil, espetáculos musicais e teatrais, bem como momentos de reflexão sobre cultura e literatura. Este ano num cenário a transbordar arte, legado pela Bienal de Coruche, a Feira reafirma o seu compromisso de fomento do gosto pela leitura e do diálogo em torno da produção literária e artística, através de uma programação abrangente e acessível a todas as idades. O evento destaca-se não só pelo vasto programa de atividades, como também pela presença de autores de renome, entre os quais José Milhazes, Maria Inês Almeida, Joana Cruz, Maria Francisca Gama, Jorge Serafim e João Tordo. Também em destaque, a comemoração dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, uma homenagem transversal que perpassa diversas iniciativas ao longo da Feira.
O quinto centenário do nascimento de Luís de Camões é um dos temas centrais desta edição, refletido em momentos chave como a estátua viva “Camões” por Quideia Animações, a realizar-se na inauguração da feira, e o espetáculo "Camões: um poeta RAP", da Companhia de Teatro Arte Pública, que se apresentará ao público escolar em diversas sessões. Para fechar com chave de ouro as celebrações em torno do poeta, a Associação Vox Angelis traz à vida o espetáculo "Camões, 500 Anos", marcado para o dia 9 de novembro, oferecendo uma reflexão artística sobre o impacto do poeta na cultura portuguesa. A poesia de Camões, que tem atravessado gerações, também será celebrada na sessão de poesia do grupo “um poema na vila”, com o escritor João Pedro Vala - momentos que não só honram o poeta, como proporcionam ao público uma nova forma de se aproximar da sua obra e do seu simbolismo.
Diálogo entre programas: Bienal de Coruche e Feira do Livro
Em 2024, a Feira do Livro de Coruche comunga algumas das suas iniciativas com a Bienal de Coruche, estabelecendo uma relação direta entre arte e literatura. Entre os eventos partilhados, destaca-se o lançamento do catálogo da Bienal no dia 3 de novembro, seguido da performance acústica de Tiago Sami Pereira, um concerto intimista que integra o programa de ambas as iniciativas. A música e a arte cruzam-se mais uma vez com o espetáculo musical e oficina de danças tradicionais europeias pelo grupo Laefty Lo, no dia 2 de novembro, num momento de celebração da diversidade artística. Também relevante é o painel "Territórios Não Cartografados", uma conversa estimulante sobre a produção artística em contextos periféricos, propondo um debate essencial para artistas, curadores e público em geral, com interesse pela relação entre arte e territórios não urbanos. Com participação de Paulo Pires, João Delgado, José Severiano Teixeira, Mário Câmara Caeiro e Virgínia Fróis, a conversa incide em temas como a criação de meios e espaços criativos em ambientes rurais, problematizando os desafios enfrentados por comunidades que se encontram fora dos grandes centros urbanos. Ao lançar novas perspetivas sobre a produção artística em territórios aparentemente adversos, a iniciativa promete abrir horizontes, produzir conhecimento e potenciar o diálogo cultural. Com o Pavilhão Multiusos como palco central, onde confluem a arte visual e a palavra escrita, os visitantes podem explorar uma fusão surpreendente entre criatividade artística e literária.
Conversas com nomes grandes da literatura
Esta edição da feira conta com a presença de autores consagrados como José Milhazes, que trará uma conversa aberta ao público sobre a sua vasta obra literária no dia 4 de novembro. Reconhecido pela sua experiência singular na Rússia e pelo seu papel como comentador da sociedade russa e da Europa de Leste, Milhazes é uma das figuras de destaque desta edição. No dia 5, Maria Inês Almeida, autora de “Diário de Uma Miúda Como Tu”, conversa com jovens do 2.º ciclo, inspirando as gerações mais novas com a sua literatura infantojuvenil. A 8 de novembro, a comunicadora Joana Cruz está à conversa sobre o seu livro “Escolhi Viver”, com participação do coro da Associação Encostatamim. Também Jorge Serafim, que se define essencialmente como um contador de histórias tradicionais e um promotor do livro e da leitura, virá apresentar a sua recente obra “À sombra da angústia”. Por sua vez, a escritora Maria Francisca Gama marca presença no dia 9 para discutir a obra "A Cicatriz", ao passo que João Tordo encerra o ciclo de conversas no dia 10 com a apresentação do seu novo livro "Os Dias Contados".
Destaque para os autores locais
A literatura local não foi esquecida nesta 40.ª edição da Feira do Livro, com a participação de diversos escritores locais. Victor Vaz Moreira inaugura a 1 de novembro o programa de apresentações com o seu livro “Poemas Que Nunca Existiram”, seguindo-se Ana Freitas com “A Coragem da Cor”, no dia 2. O coruchense Jorge Palma está em destaque com “Operação Curva do Mónaco” no dia 3, Raul Galveia apresenta “Aquele Verão” no dia 6 e Andreia Guarda, com “A Estrelinha Brilhantina”, dedica ao público infantil uma sessão no dia 9. Eugénia Dias, autora de “Aventura no Montado”, está presente em várias sessões de animação de leitura, destacando-se também o seu contributo para a programação infantil e juvenil. Ana da Silva, com “Baile do 10”, participa não só com a sua obra, mas também com oficinas, proporcionando um envolvimento próximo com os leitores.
Programação paralela e transversal
Além das apresentações de livros, a Feira oferece uma programação diversificada com sessões de animação da leitura, destinadas a públicos de várias idades. Do pré-escolar ao ensino secundário, o programa inclui iniciativas como “Mamã, Quem Sou Eu?”, de Carolina Vieira, e “O Leão Sem Cor”, proporcionando momentos de descoberta e aprendizagem para os mais novos. Também os jogos de tabuleiro modernos, dinamizados pela empresa B de Brincar, garantem momentos de lazer e diversão para toda a família, sendo uma iniciativa contínua ao longo dos dois fins de semana do evento.
Encerramento em celebração com ODAC
O encerramento da Feira do Livro é marcado por um espetáculo musical com a Oficina d’Artes de Coruche (ODAC), que proporciona um momento vibrante e comunitário ao público presente no último dia, celebrando assim o fim de uma edição memorável e “XL”, digna da grafia romana desta 40.ª edição. A celebração literária e artística que, ao longo de 10 dias, a Feira antecipa, promete ser mais um marco na vida cultural de Coruche, envolvendo públicos de todas as idades e interesses - uma ode à literatura, à arte e ao legado cultural, oferecendo um universo de histórias, música, teatro, poesia e ainda artes plásticas, onde o passado e o presente se encontram, e onde Luís de Camões, cinco séculos depois, continua a inspirar gerações.